segunda-feira, 18 de maio de 2015
domingo, 28 de setembro de 2014
O QUE É MORAL?
Fonte:
http://www.brasilescola.com
INVERSÃO DA REALIDADE
INVERSÃO DA REALIDADE (IDEOLOGIA)
Assim, se o filho de um operário não melhora o padrão de vida, isto é explicado como resultado da sua incompetência ou da falta de força de vontade ou disciplina de trabalho, quando na realidade ele joga um “jogo de cartas marcadas”, e suas chances de melhorar não dependem dele, mas da classe que detém os meios de produção.
Outra inversão própria da ideologia é a maneira pela qual são estabelecidas as relações entre teoria e prática, colocando a teoria como superior à prática, porque a antecede e “ilumina”. As idéias tornam-se autônomas (independentes) e são consideradas causa da ação humana (quando na realidade isso é ao contrário).
A divisão hierárquica entre o pensar e o agir se encontra também na divisão da sociedade, em que um segmento, uma parte da sociedade se dedica ao trabalho intelectual e outra parte (a grande maioria), realiza e se dedica ao trabalho manual. Sob esse esquema, uma classe “sabe pensar”, enquanto a outra parece que “não sabe pensar” e só executa tarefas. Portanto, uma pequena parcela da sociedade decide, manda, porque sabe, e a outra grande parcela da população apenas obedece, porque não sabe (será?).
DISCURSO IDEOLÓGICO E
NÃO-IDEOLÓGICO (contra-ideológico)
O
discurso contra-ideológico tenta desvendar os processos reais e históricos dos
quais se origina a dominação de uma classe social sobre outra, enquanto a
ideologia visa exatamente o contrário, ou seja, a dissimulação (ocultamento)
dessa diferença ou a justificação dela.
A
teoria estabelece uma relação dialética (lógica) com a prática, ou seja, uma
relação de reciprocidade e simultaneidade, e não hierárquica. Explicando
melhor: a práxis é justamente a
relação indissolúvel teoria-prática, de modo que não há agir humano que não
tenha sido antecedido por um projeto (teoria), da mesma forma que a teoria não
é algo que se produza separadamente da prática, pois seu fundamento é a própria
prática (realidade). O ser humano conhece as coisas na medida em que as
produzem daí toda teoria se tornar lacunar (obscura ou oculta), sem o “vaivém” entre o fato e o pensado, entre
o fazer e o pensar.O discurso ideológico impede que o oprimido tenha uma visão própria do mundo, da realidade em que vive, porque lhe “impõe” (direta ou indiretamente) os valores da classe dominante, tornados universais. Além disso, “naturaliza” as ações humanas, explicando-as como decorrentes da “ordem natural das coisas” e não como o resultado da injusta repartição dos bens (acumulados pelo processo de produção histórica ou pela dinâmica social e econômica).
IDEOLOGIA - 3°ANO
Ideologia
Em princípio, a ideologia pode
ser definida como uma forma de mascarar ou ocultar as contradições sociais e a
dominação, invertendo o modo de processar o pensamento sobre algumas
realidades.
Durante a história da Filosofia, muitos foram os
autores que trabalharam com a noção de Ideia como sendo a base do pensamento e
do conhecimento. Assim, Platão pensava, como Parmênides, que a ideia era o ser
em si, a coisa mesma que mantém identidade consigo mesma, não muda, não se
altera e permanece no tempo como sendo sempre a mesma. Mais tarde, já na
Renascença, Descartes compreendeu as ideias como fundamento inteligível que era
a base de toda cognoscibilidade. Já Kant entendia por ideia tudo aquilo
que a Razão poderia pensar, mas jamais conhecer, como Deus, Alma e Mundo. Hegel
pensava a ideia como o infinito (desenvolve-se interiormente em um processo dialético; a ideia é o sistema
dos conceitos puros, que representam os esquemas do mundo natural e do
espiritual). No entanto, para Karl Marx, ideias são valores
que os homens criam segundo as suas condições materiais de existência. E
esses valores são criados com um fim bem específico, que não é o de explicar a
realidade, mas manter o status da propriedade privada e dos donos dos meios de
produção. Daí deriva a noção de Ideologia.
Segundo essa forma de pensar, a realidade é
constituída por uma luta de classes, causada pela divisão social do trabalho.
As classes em conflito são as dos proprietários dos meios de produção e dos
proletários, desprovidos de propriedade. Assim, para amenizar o conflito e
manter o controle sobre a classe dominada, a classe dominante cria instâncias
psicológicas, valores e ideias que procuram manter o seu objetivo. O capital,
oriundo da propriedade privada, necessita de mão de obra para continuar
existindo, logo, os discursos são moldados segundo a visão daqueles que
percebem a necessidade de perpetuar o esquema de dominação. A ideologia é uma
forma de mascarar ou ocultar as contradições sociais e a dominação, invertendo
o modo de processar o pensamento sobre algumas realidades. Por exemplo, tem-se
no senso comum a crença de que a mulher é o sexo frágil, assim se estabelece
que sua estrutura física é mais sensitiva, intuitiva, do que a do homem e que
portanto ela foi feita para a vida doméstica, os cuidados com o marido e os
filhos. É um modo de explicar a feminilidade pela função social. Ora, tal
discurso foi elaborado em época em que os homens em guerra precisam de filhos
para suprir o pai, princípio de autoridade, bem como de mão de obra, como dito
acima. Assim, a sexualidade é explicada a partir de uma finalidade
historicamente determinada, por condições sociais bem localizadas no tempo e no
espaço. Outro exemplo é a noção de liberdade e cidadania quando se concede o
direito ao voto a todos os habitantes. Ora, liberdade implica em
responsabilidade, fiscalização, compromisso político, constante observância das
regras sociais e não apenas o direito de sair bonito na boca de urna. Ocorre
algo semelhante quando se confunde liberdade com consumo (basta ver as
propagandas na TV em que a noção de liberdade está atrelada ao fato de se
comprar um produto que irá proporcionar essa liberdade). E uma série de outras
questões (homossexualismo como doença, virgindade e casamento como valores que
asseguram a transmissão da propriedade, etc.).
A ideologia é, portanto, uma forma de produção do
imaginário social que corresponde aos anseios da classe dominante como meio
mais eficaz de controle social e de amenizar os conflitos de classe, seja
invertendo a noção de causa e efeito, seja silenciando questões que por isso
mesmo impedem a tomada de consciência do trabalhador de sua condição histórica,
“formando ideias falsas sobre si mesmo, sobre o que é ou o que deveria ser”.
(Por João Francisco P. Cabral/
Colaborador Brasil Escola - Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de
Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP)
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP)
Como
nasce a ideologia? (Uma estória para começar...): Numa
certa tribo primitiva da Austrália, o ritual de passagem da infância para a
vida adulta era cercado de crueldades, para provar a força, resistência e
coragem dos jovens. Entre outras coisas, o jovem era fechado numa cabana, junto
a um enxame de furiosas abelhas. O jovem deveria suportar todas as ferroadas
sem soltar um ai. Depois ele deveria enfrentar feras no mato com instrumentos
precários de autodefesa... Enfim, somente após um ritual de atrocidades é que
ele poderia ser considerado membro adulto da tribo, com todos os privilégios
reservados apenas aos guerreiros. Só os filhos dos chefes religiosos da tribo, que presidiam tais
rituais, é que estavam isentos dessas práticas, porque só pelo fato de serem de
descendência sagrada, eles já partilhavam da força dos deuses, o que os
habilitava para posições privilegiadas. Foram os próprios deuses que, no
princípio, assim estabeleceram as coisas! Nem é preciso dizer, que num
passado muito distante, foram os religiosos que criaram e regulamentaram os
rituais de passagem.
A ideologia é um conhecimento
deformado e falseado da realidade que beneficia um grupo em detrimento de
outro. Quem tem mais poder na sociedade, tem mais possibilidade de impor sua
ideologia. Porque tem um pensamento mais elaborado e tem à sua disposição
melhores meios para difundi-la. Os membros sagrados da tribo, devido sua
posição privilegiada tinham maiores condições de impor sua cosmovisão a
todo o grupo. Afinal, seu papel é altamente legitimado pela crença generalizada
no seu poder sobrenatural. O fenômeno ideológico é um produto necessário do
fenômeno da desigualdade social. A desigualdade é um fenômeno de poder e esse
poder precisa legitimar-se. Precisam, portanto, justificar a necessidade
da permanência da realidade como ela é, mantendo um quadro de idéias para
convencer os outros disso.
A ideologia é a justificação das
posições sociais. Nesse sentido, a ideologia conta com a participação e
colaboração da filosofia, da literatura, das ciências, do direito etc. A
realidade é transformada em mito e o dominado crê no mito. Conscientizar é
desmitificar.
A ideologia usa a ciência: há uma
“atitude ideológica”, quando um cientista, um jurista ou um meio de comunicação
são utilizados para falsificar a realidade. Nesse sentido, nem a ciência nem o
direito são neutros. É impossível existir neutralidade em questões sociais.
No século XVII, os “cientistas”
da Igreja tinham que acreditar e ensinar que a Terra era o Centro do Universo
(teoria geocêntrica), pois assim faziam supor as Sagradas Escrituras,
interpretadas pelos Santos Padres e pela Hierarquia da Igreja. Mesmo tendo
apontado o telescópio para os céus e comprovado que o Sol era o centro do nosso
sistema, Galileu foi obrigado a abjurar, em 1633, para não ser queimado vivo,
como acontecera com Giordano Bruno, em 1600. Galileu ficou em prisão domiciliar
até o final da vida. Só em 1992 a Igreja reconheceu publicamente que Galileu
estava certo. Principalmente em Estados Totalitários, a ciência é muito usada
para fins de justificação do regime. Por isso há controle e censura à produção
científica. Hitler, por exemplo, queria provar, cientificamente, a
superioridade da raça ariana sobre todas as outras raças. Faziam-se
experiências, inclusive com seres humanos. Uma ditadura pode usar “explicações
científicas” para provar a necessidade e a oportunidade de se construir uma
Usina Nuclear em Angra dos Reis, ou uma Rodovia Transamazônica. Recorrer à
ciência, às estatísticas, dá uma maior importância, uma aparência de certeza da
verdade, ao fato em discussão. Até os dominados "defendem" a
ideologia dominante:
Exemplos: - Foi
Deus quem quis assim. Quando ele quiser, ele manda chuva para nós. Não podemos
reclamar, não. Uma pobre mulher nordestina dizia isso em junho de
2001.
- Minha senhora, não foi Deus, não! O dinheiro que já foi enviado para a SUDENE daria para ter inundado o Sertão. O Sertão poderia ter virado mar... Grande parte da culpa é dos corruptos que ficam com nosso suado dinheirinho... Que, juntado, dá um dinheirão!
- Minha senhora, não foi Deus, não! O dinheiro que já foi enviado para a SUDENE daria para ter inundado o Sertão. O Sertão poderia ter virado mar... Grande parte da culpa é dos corruptos que ficam com nosso suado dinheirinho... Que, juntado, dá um dinheirão!
Para pensar: É negra, mas é limpinha! É negro, de alma branca! É pobre, mas honesto!
Mora na favela, mas não é bandido! É homossexual, mas é gente boa!É loura, mas é inteligente
É sem-terra, mas não é baderneiro!
(http://www.brasilescola.com/filosofia/ideologia.htm)
Por Gabriella
Porto: Uma ideologia é um conjunto de
idéias conscientes e inconscientes que constituem os objetivos
primordiais do indivíduo, expectativas e ações. Uma ideologia é uma visão
abrangente, uma maneira de olhar as coisas como em várias tendências
filosóficas, ou um conjunto de idéias propostas pela classe dominante de uma
sociedade para todos os membros da mesma (o chamado produto da socialização).
As ideologias são sistemas de pensamento abstratos aplicados a questões
públicas, tornando este conceito central para a análise política.
Implicitamente, qualquer tendência política ou econômica implica uma ideologia,
sendo ela uma proposta explícita de pensamento ou não. Talvez a fonte mais
acessível para o significado da ideologia é a obra de Hippolyte Taine sobre o
Antigo Regime (o primeiro volume de "Origens da França
Contemporânea"). Ele descreve a ideologia como o método socrático de ensino
de filosofia, mas sem estender o vocabulário para além daquele que o leitor
normal já possui, sem os exemplos de observação que a ciência prática
necessitaria. Aos poucos, o termo perdeu essa sua grande concepção, se tornando
um termo neutro na análise de diferentes opiniões políticas e pontos de vista
de grupos sociais. Enquanto Karl Marx fixa o termo dentro da luta de classes e
da opressão, outros acreditavam que ela é uma parte necessária do funcionamento
institucional e de integração social. (Fontes:
http://www.suapesquisa.com/o_que_e/ideologia.htm
e http://www.significados.com.br/ideologia/)
sábado, 12 de abril de 2014
Marilena Chauí - Café Filosófico
(2 /09/ 2010) O toque de Merleau-Ponty/O
Corpo Humano/ Transcrição de Leeward Wang
Merleau Ponty escreveu: Nós não somos uma
consciência cognitiva pura. Nós somos uma consciência encarnada num corpo. O
nosso Corpo não é um objeto tal como descrito pelas ciências. Mas é um corpo
humano, isto é, habitado e animado por uma consciência. Nós não somos
pensamento puro, porque nós somos um corpo. Mas nós não somos uma coisa, porque
nós somos uma consciência.
O MUNDO não é um conjunto de coisas e fatos
estudados pelas ciências segundo relações causais e funcionais. Além do mundo
como conjunto racional de fatos científicos existe o mundo como lugar em que
vivemos, onde vivemos com os outros e rodeados pelas coisas. Um mundo
qualitativo de cores, sons, odores, tessituras, figuras, fisionomias,
obstáculos, caminhos, lembranças, um mundo afetivo, um mundo com os outros, um
mundo de conflito, de luta, de esperança, de paz. Nós somos, dizia Merleau
Ponty, seres temporais, ou seja, nós nascemos e temos consciência do nascimento
e da morte. Ou seja, nós temos a memória do passado, a esperança do futuro, nós
somos seres que fazem a história e sofrem os efeitos da história. Nós somos
tempo. O tempo existe, porque nós existimos.
Nós somos seres espaciais. Para nós o mundo é feito
de lugares. Perto, longe, o caminho, a mata, a cidade, o campo, o mar, a
montanha, o céu, a terra. Esse mundo espacial é feito de dimensões – o grande,
o pequeno, o maior, o menor. Ele é feito de qualidades - cores, sabores,
tessituras, odores, sons.
O que é o nosso
corpo? A
física dirá que ele é um agregado de átomos, uma certa massa e energia que
funciona de acordo com as leis gerais da natureza. A química acrescentará que
ele é feito de moléculas de água, oxigênio, carbono, enzimas e proteínas,
funcionando como qualquer outro corpo químico. A biologia dirá que é um
organismo vivo, um indivíduo, membro de uma espécie, anima, mamífero,
vertebrado, bípede, capaz de adaptar-se ao meio ambiente por operações e
funções internas, dotado de um código genético hereditário e que se reproduz
sexualmente. A psicologia acrescentará que é um feixe de carne, músculos, ossos
que formam aparelhos receptores de estímulos e emissores de respostas por meio
dos quais apresenta comportamentos observáveis.
Estas respostas por meio das quais o nosso corpo
aparece dizem que nosso corpo é uma coisa entre coisas. Uma máquina, um
autômato, cujas operações são observáveis direta ou indiretamente podendo ser
examinada em seus mínimos detalhes nos laboratórios, classificado e conhecido.
Mas é isso um corpo que é nosso. O que é o meu corpo? Meu corpo é um ser
visível, no meio de outros seres visíveis. Mas tem a peculiaridade de ser um
visível vidente, eu vejo, além de ser vista. Mas, não só isso. Eu posso me
ver! Ou seja, eu sou visível para mim mesma e eu posso me ver vendo. Há uma
interioridade na visão. Meu corpo é um ser táctil, como os outros corpos.
Pode ser tocado, mas ele também tem o poder de tocar, ele é tocante, mas ele é
capaz de tocar-se. O tato é uma operação que o corpo pode realizar sobre si
mesmo. Meu corpo é sonoro como os cristais e os metais. Podendo ser ouvido, mas
ele também tem o poder de ouvir. Mais do que isso, ele pode fazer se ouvir e
ele pode ouvir-se quando ele emiti sons. Eu me ouço falando e ouço quem me
fala. Eu sou, portanto, sonora para mim mesmo. Meu corpo é móvel entre as
coisas móveis, ele é dotado do poder de mover, ele é um movente. Mas ele é um
móvel movente que tem o poder de Se mover ao mover. Portanto, ele é móvel e
movente para si próprio. Meu corpo não é uma coisa, não é uma máquina, ele não
é um feixe de ossos, músculos e sangue, nem uma rede de causas e efeitos, ele
não é um receptáculo para uma alma ou para uma consciência. O meu corpo é um
sensível que é sensível para si mesmo. O meu corpo é o meu modo fundamental
de ser no mundo. Meu corpo... quando minha mão direita toca a minha mão
esquerda, o que ocorre aqui é um mistério, é um enigma,(...). E eu não sei mais
qual mão toca e qual mão é tocada. O meu corpo é uma reflexão reversível
nele mesmo. Isso é ser um corpo! Ora, o meu corpo estende a mão e toca a
mão do outro, vê um outro olhar, percebe uma fisionomia, escuta uma outra voz,
eu sei que diante de mim está um corpo que é do meu outro. Um outro humano
que é habitado por uma consciência como eu. E eu sei, por que ele me fala,
e como eu, seu corpo produz palavras, produz sentido. Nossos corpos formam a
intercorporeidade, porque eles são habitados por uma consciência encarnada.
Porque há uma consciência encarnada, nós formamos uma intersubjetividade.
Enlaçado no tecido do visível, meu corpo continua a se ver, atado no tecido do
tangível ele continua a se tocar, movido no tecido do movimento ele não cessa
de se mover. Sentindo-se sentir, o corpo realiza algo que a tradição filosófica
sempre considerou privilégio exclusivo da consciência – O meu corpo
reflexiona! Na tradição filosófica a reflexão sempre foi o apanágio, o
diferenciador da alma com relação ao corpo, da consciência com relação ao corpo
e ao mundo. Quando nós tomamos o corpo dessa maneira como a fenomenologia de
Merleau-Ponty toma nos vemos aqui que a primeira reflexão não é realizada
pela consciência, a primeira reflexão é realizada pelo corpo. A consciência
aprende com o corpo a refletir. Massa sensível e sensorial segregada na
massa de um mundo sensorial o nosso corpo é misterioso. E esse mistério
corporal que é atestado pela experiência criadora dos artistas. A criação é
a experiência de uma diferenciação, onde uma separação no interior da indivisão.
Por exemplo, a experiência criadora do pintor e do escultor, é uma experiência
que se efetua naquele momento no qual um visível, o corpo do pintor, o corpo do
escultor, se faz vidente - ele vê - sem sair da visibilidade, e um vidente se
faz visível: o quadro ou a escultura, sem sair da visibilidade. A experiência
do escritor e do poeta é um momento no qual um falante - o corpo do poeta e do
escritor - se faz dizível sem abandonar a linguagem e um dizível - o poema o
livro - se faz falante sem sair da linguagem. O corpo é, e é isso que a
experiência artística mostra, essa capacidade de produzir uma diferenciação
no interior de um mundo indiviso. Onde eu não preciso me separar do mundo
para me relacionar com ele através da obra de arte. Mas é no interior do mundo
sensível, do mundo sensorial, esse mundo espacial e temporal que a obra de arte
é produzida, o que que ela é, ela é uma diferença no interior deste todo que
nos habitamos. É isso Ser Espacial e Ser Temporal.
“Qual a utilidade, para que filosofia?”
Entrevista Marilena Chauí
(http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/entrevista-marilena-chaui)
CULT – Quando as pessoas perguntam “qual a
utilidade, para que filosofia?”, deixam entrever uma concepção exclusivamente
instrumental do conhecimento, concepção esta que é desmentida pela própria
história da filosofia. Parece que a filosofia, ao contrário da matemática e da
biologia, precisa continuamente legitimar seu direito à existência. Apesar
disso, existiria uma dimensão instrumental, “funcional”, da especulação
filosófica, que justificaria sua implantação curricular no ensino médio? De que
maneira a filosofia pode hoje fornecer respostas concretas para o enfrentamento
de problemas sociais urgentes?
MC – É conhecido o ditado: “A filosofia é uma
ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”. Ou seja, não
serve para coisa nenhuma. O “para quê?” indica que tendemos a considerar o
conhecimento de um ponto de vista instrumental como um meio e não como um fim
e, como não se vê qual a instrumentalidade da filosofia, decreta-se sua
inutilidade. Certa vez, perguntaram a um filósofo: para que filosofia? Ele
respondeu: para não darmos nosso assentimento às coisas sem maiores
considerações. Ou seja, a atitude filosófica se inicia quando desconfiamos da
veracidade ou do valor de nossas crenças cotidianas, desconfiança que surge,
sobretudo, no momento em que nossas crenças, nossas ideias, nossos valores
parecem contradizer-se uns aos outros. A filosofia é uma interrogação sobre o
sentido e o valor do conhecimento e da ação, uma atitude crítica com relação ao
que nos é dado imediatamente em nossa vida cotidiana, um trabalho do pensamento
para pensar-se a si mesmo e da ação para compreender-se a si mesma.
Por isso, vou dividir minha resposta em
duas partes. Pelo que eu disse, é óbvio que não penso que o estudo da filosofia
no ensino médio deva ser tomado como algo “funcional”, uma vez que a noção de
funcionalidade implica, por um lado, a adequação a algo já dado e, de outro, o
instrumento que melhora a operação disso que já está dado. Esses dois aspectos
da funcionalidade contrariam o núcleo do ensino da filosofia, qual seja: o
desenvolvimento da capacidade crítica e o não-conformismo com o que está dado.
Ou seja, a funcionalidade faz supor que o mundo dado, a sociedade dada, a
cultura dada são naturais e que seus problemas são desajustes de um
funcionamento que precisa ser consertado por alguns ajustes pontuais. Mas a
filosofia leva o estudante a indagar, antes de mais nada, se o dado é “natural”
(o famoso “é assim mesmo”) ou se foi instituído pela ação humana, e se os
problemas não exigiriam uma reflexão sobre sua gênese, suas causas, em vez de
um ajuste.
Passo, então, à segunda parte de minha
resposta. O que caracteriza a sociedade contemporânea, sob os efeitos do
neoliberalismo, é a desigualdade num patamar jamais visto, dando origem à
violência generalizada: não apenas o estímulo ao estado de guerra permanente
entre nações, mas também a chamada guerra civil tácita entre os diferentes
grupos sociais de uma mesma nação, além do individualismo exacerbado ou da
competição mortal na busca do “sucesso”. Também caracteriza a sociedade
contemporânea, sob os efeitos das tecnologias de informação, a fragmentação do
espaço e do tempo, isto é, o espaço e o tempo são a tela (do computador, da
televisão, do celular), tela sem profundidade, que reduz o espaço ao “aqui” e o
tempo ao “agora”; todas as experiências são vividas como efêmeras e fugazes,
sem passado e sem futuro. Essas características da sociedade contemporânea
colocam questões que, além de políticas e econômicas, são filosóficas: a
violência abre a interrogação sobre a ética e a política; a fragmentação do
espaço e do tempo abre a interrogação sobre o sentido das ciências, das
técnicas, das artes e da história; o privilégio da imagem (que é sempre
instantânea e imediata) abre a interrogação sobre o sentido da cultura, isto é,
da ordem simbólica da linguagem e do trabalho, que é uma ordem de mediações e
de capacidade humana para lidar com o ausente e o possível. Certamente há como
interessar os alunos por essas questões. Vale a pena levá-los a interrogações
que lhes permitam uma primeira compreensão crítica das condições efetivas de
suas próprias vidas.
TRECHO DE ENTREVISTA: RODA VIVA (SOBRE A VERDADE) Marilena Chauí- (3/5/1999)
Paulo Markun: Agora, no ponto de vista do público em geral, das
pessoas em geral, no nosso cotidiano, a verdade é uma coisa, mais ou
menos, como um quadro na parede, quer dizer, nunca sai de lá. Está sempre
ali. A verdade é imutável, a verdade é eterna, a verdade é
permanente. Na filosofia, não é assim?
Marilena Chauí: Não, eu acho que nem mesmo para nós na vida cotidiana. Eu acho que
nem na filosofia, nem na vida cotidiana. Há um tipo de verdade, que, essa
sim é imutável, ela está lá para sempre e qualquer transformação nela significa
catástrofe, que é a verdade religiosa, se a verdade religiosa é revelada e
se eu tiver fé e aceitar a revelação, essa verdade é imutável. Mas as
outras verdades, não. As pessoas têm consciência não só de que elas são capazes
de abandonar coisas que elas tinham por verdadeiras e pensar de uma maneira
diferente, como elas são capazes de aceitar conflitos entre concepções que se
propõem a dizer a verdade. Então, se nós considerarmos que a verdade é um
trabalho do pensamento, que a verdade é um esforço de questionamento, que a
verdade é uma maneira de interrogar o mundo, nós mesmos, nós temos trilhas
verdadeiras, mas nós não temos verdades estabelecidas, como conteúdos eternos,
a menos que sejam realidades religiosas.
domingo, 2 de março de 2014
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
NOSSO MANDELA
PEÇO LICENÇA
PARA FALAR DE UMA PESSOA
NELSON NOSSO
MANDELA
BASTARIA O
SILÊNCIO COMO RESPEITO A SUA AUSÊNCIA FÍSICA
MAS O PODER DAS
SUAS IDÉIAS PACIFICAMENTE RESISTE
PARA SEMPRE PELOS
LUGARES DO MUNDO
UM HOMEM DE
POSIÇÕES CONSISTENTES E CONSCIENTESQUE DESEJAVA A COMPREENSÃO E O DIÁLOGO ENTRE OS POVOS
SUA EXISTÊNCIA
FOI INTENSA PELA PAZ E PELO CONSENSO
ENTRE AS
DIVERSIDADES DOS SERES HUMANOS NA TERRAUM HOMEM QUE PRESENTEIOU A HISTÓRIA ATUAL
COM LUTA E FORÇA
PROFUNDAS EM CONDIÇÕES REAIS E POUCO DIGNAS
PELA IGUALDADE SOCIAL
PARA TODOS
SEM DISTINÇÕES
MARCADAS PELO RACISMO DE QUALQUER TIPO
CONTRA TODA
DISCRIMINAÇÃO QUE PERSISTE NAS SOCIEDADES
E NAS RELAÇÕES
ENTRE AS NAÇÕES
PEÇO LICENÇA
PARA HOMENAGEAR ESSA PESSOAQUE VALORIZOU CADA MOMENTO E CADA POSSIBILIDADE
DE DIZER
PALAVRAS JUSTAS A FAVOR DA ESSÊNCIA DE VIVER
UMA EXISTÊNCIA
MAIS SOLIDÁRIA E HUMANAMENTE FELIZ
SEM FORTALECER
OS DIVERSOS PRECONCEITOS AINDA VIVOS
NOS PENSAMENTOS
DE TODA GENTE SINGULAR
PEÇO LICENÇA
PARA REVERENCIAR A VIVA CHAMA DESSE LÍDER
DEIXADA NO
INTERIOR DE CADA UM DE NÓS QUE AMA
A LIBERDADE INCONDICIONAL
DE PENSAR E TER
A NOSSA VIDA
REPLETA DE DIGNIDADE E JUSTIÇA
QUE ESSE NOSSO
NELSON MADIBA MANDELA RESISTA
VIVO NELSON
MANDELA ESTARÁ EM NOSSA MEMÓRIA VIVA
Lionardo Bispo
sábado, 29 de junho de 2013
quarta-feira, 26 de junho de 2013
sexta-feira, 17 de maio de 2013
MOBILIZAÇÃO
DA EDUCAÇÃO
EM DIAS D’ ÁVILA
EM DIAS D’ ÁVILA
PROFESSORES E PROFESSORAS REALIZAM NESTE MÊS DE
MAIO MOBILIZAÇÕES PELAS MELHORIAS SALARIAIS E CONDIÇÕES DE TRABALHO,
DENUNCIANDO OS PROBLEMAS ESTRUTURAIS QUE DIFICULTAM O FUNCIONAMENTO DAS ESCOLAS
DO MUNICÍPIO. ASSIM, ESCLARECEM EM NOTA PÚBLICA OS MOTIVOS DESSE ESTADO
PROVISÓRIO DE MOBILIZAÇÃO EM DIAS D’ ÁVILA:
NOTA PÚBLICA
OS
PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DE DIAS D’ ÁVILA MOBILIZAM-SE EM FAVOR DE UMA ESCOLA
PÚBLICA DE QUALIDADE. COMUNICAM A POPULAÇÃO DESTE MUNICÍPIO, ÀS AUTORIDADES
COMPETENTES E POLÍTICAS, QUE AS AULAS CONTINUAM ACONTECENDO COM TEMPO REDUZIDO,
PRESERVANDO AS ATIVIDADES MÍNIMAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM, COM O OBJETIVO DE
GARANTIR AOS ESTUDANTES UM BEM PRECIOSO: O CONHECIMENTO. INFORMAM QUE ESTA
MOBILIZAÇÃO OCORRE JUSTAMENTE NO MÊS DE MAIO POR SER A DATA BASE DE REAJUSTE
SALARIAL DA CATEGORIA; DECLARAM QUE FORAM REALIZADAS ALGUMAS REUNIÕES PARA
SOLUCIONAR DE IMEDIATO ALGUNS PROBLEMAS, TAIS COMO: DIÁRIOS ESCOLARES,
MERENDA ESCOLAR E OUTRAS QUESTÕES DE ORDEM PEDAGÓGICA E
ADMINISTRATIVA, QUE SÃO FUNDAMENTAIS PARA O FUNCIONAMENTO DAS ESCOLAS. TAMBÉM
ESCLARECEM QUE COM MUITA PACIÊNCIA E ESPERANÇA AGUARDARAM DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA AS DEVIDAS RESPOSTAS COM RELAÇÃO AO ÍNDICE DE AUMENTO SALARIAL,
REPOSIÇÃO DO AUXÍLIO-TRANSPORTE, RETOMADA DA DISCUSSÃO DO ESTATUTO DO
MAGISTÉRIO, DEFINIÇÃO SOBRE A NECESSIDADE DE ASSISTENTE DE CLASSE PARA O
FUNDAMENTAL 1(AS SÉRIES INICIAIS), CONTRATAÇÕES E DEMISSÕES SUMÁRIAS; ALÉM
DISSO, OBSERVAM QUE ALGUMAS DECISÕES FORAM TOMADAS SEM CONSULTAR A CATEGORIA.
DESSA FORMA, CONTANDO COM A COMPREENSÃO DA SOCIEDADE DE DIAS D’ ÁVILA,
ESPECIFICAMENTE MÃES, PAIS E ESTUDANTES, E DE QUE ESTE MOMENTO DE MOBILIZAÇÃO
DOS PROFESSORES E PROFESSORAS VIABILIZA UMA ESCOLA PÚBLICA MAIS JUSTA E
DEMOCRÁTICA, JUSTIFICAM-SE AS REIVINDICAÇÕES AQUI DECLARADAS.
PROFISSIONAIS
DA EDUCAÇÃO-MAIO/2013.
NÚCLEO SINDICAL
DA APLB/ DIAS D’ ÁVILA.
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